Das lutas por libertação à Licenciatura em Educação Quilombola/PROETNOS, Itapecuru-Mirim faz história


Por em 16 de outubro de 2023



Em 1839 o município de Itapecuru-Mirim, a 108km da capital São Luís, foi um dos epicentros do movimento de luta por autonomia e libertação do Maranhão conhecido por Balaiada. O histórico movimento de aquilombamento marcou pela resistência à estrutura de opressão que excluía quilombolas, camponeses e demais despossuídos da formação da territorialidade maranhense. Em 2023 o município reescreve novamente a história: a Balaiada se transmuta e a luta por igualdade agora é dentro da e com a Universidade.

É com a Universidade Estadual do Maranhão (Uema), por meio do Programa de Formação Docente para a Diversidade Étnica (Proetnos), que o Estado do Maranhão responde à demanda histórica quilombola de Itapecuru e celebrou, no dia 18 de agosto junto ao município, a conquista de mais uma turma da Licenciatura em Educação Quilombola, esta que é uma experiência pioneira no Brasil. A aula inaugural contou com a participação da gestão local do Campus, a Profa DraThallita Karoline Serra e participação da vice coordenadora geral do Proetnos, a Profa. Dra. Tatiana Reis.

Na sexta-feira, dia 6 de outubro, a Coordenadora Geral do Proetnos/Uema Profa. Dra. Marivania Furtado e o Coordenador Pedagógico do Programa, Prof. Me. Sérgio Roberto Nunes estiveram no Campus de Itapecuru-Mirim para dar boas-vindas à nova turma. Além da celebração de uma conquista tão grandiosa com os novos alunos, houve importantes diálogos e alinhamentos junto à gestão local do Campus.

“Nós, que somos oriundos também do interior do estado do Maranhão, da baixada maranhense, com uma forte presença de quilombolas, caboclos e caboclas que até um tempo atrás não tinham a menor possibilidade de estar dentro de uma universidade, quando entramos nesses espaços e ocupamos essas estruturas de poder, a gente tem um grande desafio: lutar e fazer mais pela transformação a partir da estratégia poderosa que é o diploma. E assim construir outra forma de sociedade e de sociabilidade em que a discriminação, o machismo, racismo e o elitismo sejam substituídos por igualdade e respeito”, disse a Coordenadora Geral aos novos alunos.

A aluna Elinalva Moreira, do território quilombola Outeiro dos Nogueiras, expressou o quanto a experiência na primeira Licenciatura em Educação Quilombola do Brasil tem permitido vislumbrar portas e oportunidades outras para a o exercício da docência.

“Essa experiência está nos ofertando portas para que sejamos docentes, mas não docentes sem uma compreensão do que foi o nosso povo, das dificuldades e tudo aquilo que nos foi negado. Foi negado tudo, tudo. É o momento de estarmos em sala para tentar reverter. O colonialismo nos excluiu da história. Mas hoje a Universidade é também o nosso espaço e os espaços de poder e decisão também nos pertencem. A partir desse Curso (Licenciatura em Educação Quilombola) nós vamos estar mais qualificados para lutar pelo nosso povo, principalmente pelas mulheres negras que são invisibilizadas. É uma experiência única que nos faz despertar”, afirmou.

Representado nos municípios de Itapecuru-Mirim e São Bento, o Maranhão é pioneiro em Licenciatura em Educação Quilombola no Brasil. A UEMA por meio desses campi está formando duas turmas em São Bento e uma turma em Itapecuru-Mirim. São 84 alunos(as) quilombolas de distintas comunidades dessas regiões em formação. É o Maranhão avançando na inclusão e garantindo a diversidade étnica dentro da Universidade.



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